A doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa crônica que geralmente começa devagar e piora ao longo do tempo.
Por *Natália Ceará
À seguir 10 coisas que você precisa saber a doença de Alzheimer:
1- Você já viu como está a situação do Alzheimer no Brasil e no mundo?
Em todo o mundo 15 milhões de pessoas têm Alzheimer, já no Brasil, existem cerca de 15 milhões de pessoas com mais de 60 anos de idade e, dessas, 6% (900.000 pessoas, o equivalente à mais de 11 estádios do Maracanã lotados!) sofrem do Mal de Alzheimer, segundo dados da Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz).
Alguns estudos apontam que em 2020 a população mundial maior de 60 anos se igualará ao nº de pessoas com as demais idades.
2- Em pessoas com mais de 60 anos, ter esquecimentos significa necessariamente que ela está com Alzheimer? O Alzheimer acomete apenas os idosos?
Não e não! Esquecimentos podem ser mais frequentes com o avanço da idade. O que caracteriza a perda de memória no Alzheimer é:
– Dificuldade ou ausência de registro de novas informações.
– Repetição de falas como se o fato não tivesse ocorrido.
– Interferência no cotidiano, como por exemplo, não recordar de compromissos ou, em casos mais avançados, ter dificuldade para reconhecer um conhecido.
Na maioria dos casos de Alzheimer a doença é verificada em pessoas com mais de 60 anos de idade. Esses casos são chamados de Doença de Alzheimer de Acometimento Tardio ou Senil.
Entretanto, existe uma minoria de casos em que a Doença de Alzheimer é precoce, ou seja, incide em pessoas com menos de 60 anos de idade, fase pré-senil. De qualquer maneira, o principal fator de risco para a doença continua sendo a idade.
3- Quais são os principais sintomas do Alzheimer? E por que a fala se torna comprometida?
Primeiramente citaremos os sintomas mais notados:
Sintomas cognitivos:
– Perda de memória (principalmente de fatos recentes);
– Dificuldade de atenção/concentração;
– Problemas de linguagem (a fala se torna confusa, não consegue comunicar-se como antes);
– Dificuldade na orientação temporal e espacial (fica mais difícil se orientar com relação à datas e lugares);
– Dificuldade nas funções motoras;
– Dificuldade nas funções executivas;
– Dificuldade nas funções visuoespaciais, visuoperceptivas e construtivas.
Sintomas comportamentais:
– Tristeza e desânimo (Muitos pacientes chegam a ficar com depressão);
– Distúrbios do sono (Insônia, entre outros);
– Desinibição (Pessoas que eram mais tímidas podem mostrar um comportamento mais desinibido e vive-versa);
– Alteração de apetite;
– Irritabilidade/agitação/agressividade;
– Delírios e alucinações.
Quanto à fala: a linguagem é uma das funções cognitivas que pode ficar afetada nos quadros demenciais. A fala é o resultado de muitas tarefas mentais complexas e alguma dificuldade pode prejudicá-la.
Para uma fala coerente e contextualizada, o paciente precisa estar atento à conversa, ter clareza do contexto em que acontece, reter informações e responder adequadamente. Se algumas dessas etapas apresentar falha, a fala pode estar comprometida.
Além disso, pode haver problemas articulatórios (envolvendo a parte motora). Portanto, são muitas as interferências que podem prejudicar a fala do paciente, necessitando de uma avaliação médica e fonoaudiológica para fechar o real diagnóstico.
4- Como é feito o diagnóstico de Alzheimer e quais exames podem ser pedidos a alguém com suspeita de Alzheimer?
É muito comum que os sintomas iniciais da Doença de Alzheimer (DA) sejam confundidos com o processo de envelhecimento normal. Essa confusão tende a adiar a busca por orientação profissional e, não tão raro, a doença é diagnosticada tardiamente.
Recomenda-se que, diante dos primeiros sinais, as famílias procurem profissionais e/ou serviços de saúde especializados para diagnóstico precoce, no estágio inicial da doença, o que favorecerá na evolução e o prognóstico do quadro.
O diagnóstico é clínico, isto é, depende da avaliação de um médico que irá definir, a partir de exames e da história do paciente, qual a principal hipótese para a causa da demência.
Exames de sangue e de imagem, como tomografia ou, preferencialmente, ressonância magnética do crânio, devem ser realizados para excluir a possibilidade de outras doenças.
- Exames laboratoriais: hemograma completo, sódio, potássio, ureia, creatinina e vitamina B12, são exemplos.
- Exames de imagem: tomografia computadorizada, ressonância magnética, eletroencefalograma e Spect.
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Faz parte da bateria de exames complementares uma avaliação profunda das funções cognitivas. A avaliação neuropsicológica envolve o uso de testes psicológicos para a verificação do funcionamento cognitivo em várias esferas.
Os resultados, associados aos dados de história e observação do comportamento do paciente, permitem identificar a intensidade das perdas em relação ao nível prévio e o perfil de funcionamento permite a indicação de hipóteses sobre a presença da doença.
5- O que se pode esperar em relação ao tratamento dessa doença?
Existem 2 tipos de tratamento que podem e devem ser realizados pelos pacientes: Tratamento Medicamentoso e Não Medicamentoso, que falaremos a seguir:
Tratamento Medicamentoso: Quais medicamentos são indicados?
Substâncias com resultados comprovados cientificamente são: rivastigmina (Exelon); donepezil (Eranz); galantamina (Reminil) e memantina (Ebix). Todos esses medicamentos são de uso controlado e devem ser administrados rigorosamente de acordo com a prescrição médica.
Tratamento Não Medicamentoso:
São atividades que irão adiar a progressão da doença, além de deixar o paciente mais ativo. Existem muitos jogos no mercado que a família e os cuidadores podem utilizar com esses pacientes, além dos clássicos mais utilizados, como palavras cruzadas, sudoku, caça-palavras, jogo dos 7 erros, entre outros que desafiam e estimulam cognitivamente.
Além disso, recentemente ficou-se sabendo de maneiras alternativas de manter esses pacientes ativos cognitivamente: Na edição de janeiro de 2016, a revista Veja publicou uma matéria sobre a utilidade dos videogames no tratamento de algumas doenças.
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No caso do Alzheimer por exemplo, são recomendados aqueles jogos que estimulam a capacidade de raciocínio, como por exemplo: Angry Birds, no qual é preciso realizar cálculos para acertar alvos e o Sudoku (que já citamos) que é um quebra-cabeça de números.
Um estudo da Universidade da Califórnia concluiu que os games que exigem concentração constante, raciocínio e memorização estimulam a mente e podem prevenir ou retardar a doença.
Outras atividades que poderão ajudar (dependendo do perfil e das condições do paciente):
– Psicoterapia individual ou em grupo, assim como atendimentos com a família junto ao paciente;
– Estimulação social – convívio com outras pessoas, passeios, grupos de discussão;
– Estimulação física – fisioterapia, atividade física orientada, programa com educador físico.
– Organização de rotina e ambiente – medidas de segurança domiciliar, organização e distribuição criteriosa de atividades.
6- Existe algum lugar onde familiares e entes queridos de pacientes de Alzheimer possam buscar informações e trocar experiências?
Sim, no Brasil existem 2 entidades que se destinam a apoiar os pacientes de Alzheimer e seus familiares. Uma delas é a ABRAZ (Associação Brasileira de Alzheimer) e a outra é a APAZ (Associação de Parentes e Amigos de Pessoas com Alzheimer). Deixaremos os links no final do vídeo para que vocês possam acessá-los. Nesses links você encontrará todo tipo de informação importante sobre o Alzheimer além da ajuda de pessoas e profissionais nas mais variadas especialidades.
7- O que a rede pública disponibiliza para o tratamento do paciente com Alzheimer, não só em termos de medicamentos?
Em 2002, o Ministério da Saúde publicou uma portaria que instituiu no âmbito do SUS o Programa de Assistência aos Portadores da Doença de Alzheimer. Esse programa funciona por meio dos Centros de Referência em Assistência à Saúde do Idoso, que são responsáveis pelo diagnóstico, tratamento, acompanhamento dos pacientes e orientação aos familiares e atendentes dos portadores de Alzheimer. No momento, há 26 Centros de Referência já cadastrados no Brasil. Quanto aos medicamentos, estão disponíveis na rede pública: Rivastigmina, Donepezil e Galantamina.
Observação: O medicamento Memantina não está na lista do governo e precisa ser comprado. Quando a portaria foi assinada, não existia a memantina. A ABRAZ já solicitou sua inclusão na lista dos medicamentos gratuitos, mas ainda não obteve resposta. Para obtê-los gratuitamente, o paciente deve ser analisado clinicamente por um médico, além de fazer exames laboratoriais e de imagem. Somente os pacientes que se encontram nos estágios inicial e intermediário da doença podem ter acesso aos medicamentos de distribuição gratuita.
8- Como a Bem Viver + pode ajudar nesse sentido?
Prestando atendimento psicoterapêutico através de programas específicos para familiares e pacientes com Alzheimer, além de contar com parceiros como: fisioterapeuta, fonoaudiólogo, neurologista, psiquiatra, educador físico (entre outras especialidades) para realizar um tratamento completo e um acompanhamento de excelência. Caso queira entender melhor, clique em CONTATO e deixe-nos sua mensagem, teremos muito prazer em lhe ajudar!
9- E quem cuida? Como fazer para ter o melhor desempenho possível com todo o stress, desgaste e energia envolvidos no cuidado e convivência com esses pacientes?
Este é um ponto extremamente importante. Tanto familiares como profissionais cuidadores precisam estar psicologicamente/emocionalmente fortalecidos para realizar esse tipo de acompanhamento, portanto, devem buscar se cuidar em primeiro lugar. A Bem Viver +também pode ajudá-los, tanto na psicoterapia, quanto realizando atendimentos específicos junto ao paciente que você cuida ou acompanha.
10- Fatores que possam piorar o quadro de paciente com Alzheimer:
- Deve-se evitar o máximo possível a realização de atividades diárias no lugar do paciente, pois com isso ele poderá se acomodar, desenvolvendo um comportamento mais passivo, participando menos.
- Outro fator seria o total abandono ou negligência com esse paciente. O ideal é fazer um acompanhamento periódico e, quando possível, tomar atitudes preventivas (adaptação do lar, terapia regular etc).
Assista abaixo o vídeo sobre as fases da doença de Alzheimer: