Aposentadas fazem bonecas para presentear crianças em hospitais

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‘Nós ganhamos mais do que damos’, garante grupo de Sorocaba (SP). Trabalho é realizado com a ajuda de doações, que vai de tecidos a linhas.

O talento para a costura de um grupo de aposentadas de Sorocaba (SP) se tornou motivo de alegria para muitas crianças. Com pedaços de tecidos e até linhas que receberam de doações, elas confeccionaram bonecas de pano e presentearam, neste Dia das Crianças, meninas que estão internadas em hospitais da cidade. “As crianças internadas quase moram no hospital e estão sofrendo. Então, nós resolvemos dar um pouco de alegria para elas”, explica Ana Tereza Beneton, de 86 anos, que encabeçou o projeto.

Desde o início do ano, o grupo – formando por sete mulheres – confeccionou 124 bonecas de pano. Desse total, 50 foram vendidas. Com o dinheiro arrecadado elas compraram presentes para os meninos, como bônés, livros e jogos. Afinal, a ideia foi levar um pouco de alegria para todas as crianças que estão internadas por causa de alguma doença ou acidente, independente de gênero. Assim, as senhoras presentearam, neste ano, 54 meninas e 64 meninos.

Mas para que tudo isso fosse possível, as senhoras tiveram que manter uma rotina frenética de trabalho. Ana conta que elas se reuniram em todas as terças-feiras em sua casa. “Cada uma ficou responsável por fazer uma coisa. Uma cuidou do corpo, outra do cabelo e por aí em diante”, conta.

Aposentadas tiveram aulas com uma professora antes de iniciaram a confeccção de bonecas (Foto: Natália de Oliveira/G1)
Aposentadas tiveram aulas antes de iniciaram a confecção de bonecas (Foto: Natália de Oliveira/G1)

A aposentada garante que os benefícios com a confecção das bonecas vai além de ver o sorriso de uma criança. “Nós ganhamos mais do que damos para essas crianças. Eu falo na questão de saúde mesmo, nos faz bem fazer esse trabalho e nos reunirmos sempre em casa. A gente tem até uma regra durante os nossos encontros de não poder falar de doença. Sabe como é né, já temos uma certa idade”, brinca.

O material usado para a confecção das bonecas foi, na maior parte, doado por pessoas que ficaram sabendo da iniciativa do grupo e quiseram ajudar de alguma forma. “Nós recebemos vários pedaços de pano, linhas e até dinheiro de algumas pessoas, que usamos para comprar, por exemplo, o plumante, que usamos para encher as bonecas”, explica a aposentada Geanete Cassillo, de 65 anos, que também faz parte do grupo.

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Antes das doações o grupo usava material que tinha em casa para fazer as bonecas. “A gente pegou tecidos, rendas, fitas, tudo que tinha em casa e que poderia serviu para fazer as bonecas. Porque dinheiro a gente não consegue dar, mas o nosso trabalho damos com muito prazer”, diz a aposentada Maria Ferreira Pereira, de 65 anos.

Trabalho foi, na maioria, realizado no ateliê na casa da Dona Ana (Foto: Natália de Oliveira/G1)
Trabalho foi, na maioria, realizado no ateliê na casa da Dona Ana (Foto: Natália de Oliveira/G1)

Aprendizado
Apesar do grupo já ter realizado trabalhos de doação em anos anteriores no Dia das Crianças e até mesmo no Natal, este ano foi a primeira vez que o produto doado foi fruto diretamente do trabalho das senhoras. Mas para que acontecesse foi necessário que elas fizessem aulas com uma professora especializada em patchwork. “No começo, as nossas bonecas não saíram muito bonitas, não, confesso. Pra falar a verdade ficaram bem feias”, relembra Ana.

Mas, no decorrer das aulas, as aposentadas começaram a dominar a técnica e, assim, as bonecas ficaram cada vez mais bonitas. “Cada uma de nós já sabíamos fazer alguma coisa. Pintar, costurar, fazer crochê, borda e por aí vai. Então, não foi uma coisa que tivemos que aprender do zero, já tínhamos uma facilidade para fazer trabalho manuais e só aprendemos uma nova maneira”, acrescenta Maria Eugênia Ruscomi, de 63 anos.

Assim, o grupo passou a se reunir na casa da Dona Ana, que montou um ateliê na edícula de sua casa. “O espaço é pequeno, mas nós conseguimos nos revezar para fazer o trabalho.” Além das tardes na casa da aposentada, a Neusa Alquezar Assintuno, de 67 anos, conta que o grupo também levou, muitas vezes, trabalho para casa. “Eu mesmo peguei o cabelo pra fazer em casa, o vestido da boneca, pra fazer nos outros dias e adiantar o trabalho.”

As meninas até escolheram que cor de boneca ia ficar (Foto: Natália de Oliveira/G1)
As meninas até escolheram que cor de boneca ia ficar (Foto: Natália de Oliveira/G1)
Fonte: G1

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