Artrose e atividade física no idoso

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Manter uma rotina saudável e a prática de atividade física são fundamentais no tratamento de artrose do idoso

A terceira idade é o período da vida na qual se espera que finalmente as pessoas coloquem como prioridade cuidar de si: dormir bem, acordar descansado, se alimentar adequadamente e praticar atividades físicas é mais do que um luxo, é uma necessidade.

Idosos que não conseguem manter uma rotina saudável tendem a ter uma piora progressiva da saúde, e isso acontece de forma muito mais rápida do que entre os jovens.

Dores na coluna, quadris ou joelhos são frequentes nesta fase da vida e tendem a piorar com o esforço, de forma que ao invés de se tornarem mais ativos, alguns idosos passam cada vez mais tempo em frente à televisão.

Ao se colocar hipoteticamente um gesso no braço de uma pessoa sadia e retirá-lo depois de um ou dois meses, o braço que ficou imobilizado estará visivelmente mais fino e mais fraco, devido ao desuso.

Pessoas com dores articulares evitam mesmo que inconscientemente o movimento da articulação dolorida, provocando o mesmo déficit relacionado ao desuso.

A perda de musculatura em uma articulação que já vinha sofrendo com artrose faz com que a dor piore ainda mais, e em função disso as atividades também serão progressivamente reduzidas.

Nada disso será revertido sem que se quebre este ciclo de dor e inatividade. Hérnia de disco, condromalácia, artrose, tendinite ou bursite são todos problemas que têm como queixa principal a dor de longa duração, e em função do que foi explicado acima costumam apresentar importantes quadros de desuso e má postura, levando à fraqueza, encurtamentos e desequilíbrios musculares.

Artrose do joelho

A dor no paciente com artrose é muito variável, e enquanto algumas pessoas com artrose bastante avançada são capazes de correr ou jogar futebol regularmente outros com bem menos desgaste têm dor mesmo para atividades domésticas simples.

A falta de musculatura em decorrência do desuso é um dos principais motivos para isso: durante a caminhada, grande parte da energia da pisada é absorvida pela musculatura, e quando os músculos tornam-se insuficientes esta energia passa a ser transferida para as articulações.

Veja também: Atividade física: entenda porque ela é um das maiores aliadas no combate à dor crônica

Uma articulação com artrose pode ser incapaz de absorver esta carga extra de esforço, de forma que será sobrecarregada e passará a sofrer com as dores.

Atividades para fortalecimento

O fortalecimento muscular é, desta forma, o pilar central do tratamento da artrose, ainda que fortalecer uma articulação com dor nem sempre seja fácil: caso a atividade física atue como um estímulo doloroso, a dor inibirá a musculatura e o exercício pode ter o efeito inverso do que se é esperado.

A orientação quanto a atividades físicas deve portanto ser bastante cuidadosa, incluindo tipo de atividade, frequência e intensidade, preferencialmente por escrito, da mesma forma como as receitas de medicamento que incluem dose, frequência e tempo de uso.

Inicialmente as atividades são feitas sob a supervisão de um fisioterapeuta, mas a medida em que a dor melhora atividades com grau crescente de complexidade e esforço poderão ser introduzidas, como a bicicleta, as atividades aquáticas ou a musculação, e estas atividades poderão ser realizadas de forma cada vez mais independente.

Muitos pacientes são orientados de que não mais poderão realizar atividades de impacto, como corrida, futebol ou tênis, já que isso aceleraria a progressão do desgaste.

Isso é uma meia-verdade: Por um lado, é mais provável que se tenha dor com estas atividades, o que é um indício de que o esforço esteja sendo excessivo e, desta forma, a artrose realmente poderá piorar; por outro lado, muitos atletas apresentam artrose avançada e não apresentam dor durante a atividade física, uma vez que apresentam uma musculatura bem equilibrada.

Dickie Borthwick, de 81 anos, o jogador de futebol mais antigo da Grã-Bretanha

Neste caso não faz sentido privar o mesmo de sua atividade favorita! A dor é, portanto, muito mais importante do que qualquer exame para se determinar quais as atividades físicas adequadas para cada pessoa.

Conceitos gerais quanto aos exercícios de fortalecimento

– Ao iniciarem um treinamento, pessoas saudáveis e sedentárias demoram certo tempo até perceberem algum resultado; em pessoas com dor, o resultado será ainda mais demorado. Fazer 5 ou 10 sessões e depois parar não ajudará para muita coisa, portanto pense a longo prazo. Devem ser considerados fatores como gosto pessoal, custo, facilidade de acesso e disponibilidade de tempo para que a atividade possa ser mantida a médio ou longo prazo.

– Toda atividade física exige um período de adaptação, portanto evite mudanças abruptas em sua rotina de exercícios. Se você é uma pessoa que está buscando largar o sedentarismo, não adianta iniciar já de cara fazendo treinos cinco vezes por semana, isso irá aumentar o risco de dores e lesões. A iniciação deve ser progressiva e sempre respeitando a dor, mesmo que o resultado não venha de imediato.

– A dor inibe a musculatura, de forma que a atividade física que piora a dor faz com que a força muscular piore ao invés de melhorar. Neste caso, é preciso modificar a atividade ou reduzir a carga. Sentir um incômodo durante a atividade eventualmente faz parte, mas a dor deve melhorar após o fim da atividade.

O Dr João Hollanda é médico ortopedista especialista em cirurgia do joelho e traumatologia esportiva. Trabalha atualmente como médico da seleção Brasileira de Futebol Feminino. Maiores informações em www.ortopedistadojoelho.com.br

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