Buracos e ausência de sinalização para deficientes visuais prejudicam entradas em postos de saúde

Escadas e rampas sem corrimão, falta de sinalização para deficientes visuais, locais sem rampa de acesso e buracos na calçada. Essas são algumas das dificuldades que pacientes das UBSs (Unidades Básicas de Saúde) têm enfrentado antes mesmo de encarar a fila do atendimento.
O DIÁRIO visitou nesta quarta nove postos de saúde que apresentavam irregularidades de acesso. Entre eles, somente a UBS Dr. Walter Elias, na Casa Verde, na Zona Norte, tem a sinalização para deficientes visuais, mesmo assim incompleta.
“É necessário ter um totem na entrada para avisar, em braille, que ali é um posto de saúde. Sem essa informação, existe a possibilidade de um deficiente visual entrar na unidade sem querer”, explica Robson Gonzales, arquiteto especialista em acessibilidade da Arpa Acessibilidade.
Um dos problemas mais graves está na entrada da UBS Americanópolis, no Jabaquara, na Zona Sul. A calçada em frente ao portão de entrada está quebrada e cheia de pequenos paralelepípedos soltos. O local aparenta ser uma obra abandonada porque não há homens trabalhando nem placas de sinalização. O degrau que se formou por causa da quebradeira tem quase 20 centímetros.
Autonomia
Para o arquiteto Robson Gonzale, o desrespeito com a acessibilidade tira a autonomia das pessoas com deficiência. Segundo ele, a sinalização para deficientes visuais é uma linguagem que deveria seguir um padrão. “Se em todas as unidades de saúde houvesse um poste em braille indicando os principais locais, como recepção e banheiros, criaria-se uma linguagem padronizada”, explica o arquiteto.
A Secretaria Municipal da Saúde informa que 38% das unidades são acessíveis às pessoas com deficiência. Nas demais, quando o paciente não tem condições de acessar o local, um profissional o atende no andar inferior. Segundo a pasta, estão previstos R$ 14,6 milhões que serão destinados às obras de acessibilidade em unidades de saúde do município de São Paulo no ano que vem.
Calçada esburacada
A calçada em frente à UBS Americanópolis, no Jabaquara, na Zona Sul de São Paulo, está quebrada. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a unidade solicitou na Subprefeitura do Jabaquara a manutenção das pedras do estacionamento e melhorias no acesso.
Rampa sem corrimão
A rampa de acesso à UBS Vila Piauí, na Zona Oeste de São Paulo, não possui corrimão. A Coordenadoria Regional de Saúde Centro Oeste informou que a UBS Vila Piauí possui corrimão na rampa de acesso do térreo ao primeiro andar e na escada.
Falta de sinalização para deficiente visual
A UBS Santa Cecília, no Centro, está com a sinalização para deficientes visuais desgastada e não há mureta. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a UBS possui rampa, mas algumas sinalizações de orientação para deficientes visuais estão descoladas e serão reparadas em breve.
Cadeirantes e carros dividem entrada
Na UBS Vila Barbosa, o único local com guia rebaixada é a entrada de veículos. A Coordenadoria Regional de Saúde Norte informa que a UBS tem guia rebaixada na direção do estacionamento para entrada exclusiva de carro e a entrada para pedestres está no mesmo nível da calçada.
Rampa de acesso danificada
No Ambulatório de Especialidades Mooca, na Zona Leste, a rampa de cadeirante está danificada. Segundo a Secretaria de Saúde, falta sinalização para deficientes visuais na unidade e a pasta pretende estudar novos métodos para garantir a acessibilidade. O caso da rampa não foi comentado.
Escada sem corrimão
Na UBS Maria Domitília, no Parque São Domingos, na Zona Oeste, não há corrimão na rampa e nas escadas de acesso à unidade. A Secretaria Municipal de Saúde informa que, devido ao curto prazo dado pela reportagem, não seria possível responder à solicitação.
Análise
Robson Gonzales, arquiteto especialista em acessibilidade
O público que usa os serviços de saúde, em sua maioria, são pessoas que estão com alguma dificuldade de mobilidade, causada pela quebra de algum membro, por alguma doença, por ser idosa ou por ter alguma deficiência. Essas pessoas já enfrentam dificuldades de locomoção e acesso no seu dia a dia e, no momento em que estão mais frágeis ou doentes, ainda têm de enfrentar barreiras físicas no acesso às UBSs. Não há um padrão de linguagem para os deficientes visuais. É como se colocassem os trilhos de um trem, mas não avisassem as estações. A sinalização tem de informar por completo.
Fonte: Rede Bom Dia