Mercado está aquecido para quem tem capacitação e profissionais pedem que a profissão seja regulamentada. Salário inicial é de R$ 1 mil e pode chegar a R$ 2,5 mil
Uma profissão que precisa de muito amor. Assim são vistos os cuidadores de idosos. A carreira, que ainda não é regulamentada, mas já se encontra na Câmara dos Deputados para votação, está em crescimento devido ao aumento da população idosa brasileira. É o que afirma Rosângela Gomes, coordenadora do curso no Instituto Vital Brazil. De acordo com o último censo, realizado em 2010, os idosos são 10% da população do Brasil, o que representa quase 21 milhões de pessoas.
“Acho muito importante que a profissão seja regulamentada, pois não existe conteúdo obrigatório, cargas horárias ou outras exigências que possam garantir a qualidade da formação. Desta maneira, os idosos correm o risco de serem cuidados por uma pessoa que não tenha uma capacitação adequada e acaba acontecendo episódios horríveis, como maus-tratos ou outras coisas”, conta.
No Instituto Vital Brazil, onde o curso é oferecido, Rosângela explica que a formação é concluída com carga horária de 100 horas, distribuída em três meses e meio e que a metodologia usada é a crítico-reflexiva.
“Usamos filmes e textos focados principalmente na família e no cuidado. Discussão de grupos, oficinas e teatro fazem parte do conteúdo teórico. Na parte prática, desenvolvemos atividades direcionadas ao idoso dependente, como banho no leito, transferências do idoso, cuidados com a pele e outros. Essas aulas são realizadas no próprio instituto, onde montamos um laboratório de saúde. Realizamos também visita a uma instituição de longa permanência. O nosso corpo docente é constituído por uma equipe multiprofissional (terapeuta ocupacional, médica geriatra, fonoaudióloga, psicólogos, fisioterapeuta, enfermeiros e comunicólogo)”, diz a coordenadora.
Recém-formada no curso, a cuidadora Marilda Soares também é técnica de enfermagem. Ela, que já trabalha na área há 10 anos, esclarece que um cuidador não é um enfermeiro.
“Apesar de termos muitos enfermeiros que também atuam na nossa área, é preciso que fique claro as funções dessa profissão. Somos contratados para cuidar do paciente, do seu bem-estar e fazer companhias. Não nos compete fazer aplicações de injeções ou coisas do tipo. O ideal é que o idoso seja acompanhado por um cuidador e um enfermeiro”, indica.
A massoterapeuta e também cuidadora Madalena Corrêa diz que muitas das vezes o paciente pode ter uma resistência para aceitar o profissional e que a formação adequada também é importante por essa questão.
“No curso aprendemos, entre outras coisas, a lidar com o idoso. Quando me deparo com pacientes que não aceitam o cuidador vou conquistando ele aos poucos. Temos que ter uma metodologia de trabalho aliada à questão psicológica”, destaca.
A coordenadora esclarece que o candidato a cuidador tem que gostar da profissão.
“O bom profissional deve ser ético, solidário, colocar-se no lugar do outro, principalmente, em assuntos relacionados à saúde”, diz.
Mulheres se destacam
Para Marília Berzins, coordenadora do curso de formação de cuidadores de idosos do Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento (Olhe), o mercado de trabalho para a profissão está aquecido e que 85% dos cuidadores são mulheres.
“O Brasil envelhecido está precisando de cuidadores de idosos, principalmente nos grandes centros urbanos. Não é novidade o fato de que o País está envelhecendo. Por outro lado, as famílias tiveram uma redução importante no número de componentes. Acrescenta-se, ainda, que as mulheres, tradicionais cuidadoras familiares, foram incorporadas pelo mercado de trabalho. A soma destes fatores favoreceu a necessidade desse profissional, por isso é tão necessário a incorporação desta categoria”, observa.
E para quem deseja ser um cuidador deve estar atento à faixa salarial. A coordenadora informa que em São Paulo a cotação do valor mínimo que se paga ao cuidador de idosos é de R$ 1 mil e o valor máximo é de R$ 2,5 mil para aquele cuidador que dorme no emprego. No entanto, isso vai depender de vários fatores.
“O valor da remuneração estará relacionado ao local de trabalho, principalmente se esse for em grandes centros urbanos”, comenta.
Marília frisa que por conta dessa grande procura de profissionais, a carreira está com um reconhecimento superior.
“Houve um aumento de famílias que reconhecem a necessidade de um cuidador em situações excepcionais. Por exemplo, quando um familiar necessita ficar internado no hospital após uma situação de urgência ou emergência e não tem com quem contar”, revela.
A coordenadora comenta que na instituição Olhe, o candidato tem uma grande oportunidade no término do curso.
“Os cuidadores que participam dos nossos cursos, mesmo antes de terminar, já têm oportunidade de emprego. Recebemos com grande frequência a solicitação de familiares pedindo a indicação dos profissionais”, garante.
Ainda segundo Marília, a maioria dos cuidadores trabalha em residências, no entanto, existem outros campos de atuação.
“Uma parte significativa trabalha em instituições que cuidam de pessoas na terceira idade, nas de longa permanência para idosos (ILPI). Muito recentemente os cuidadores estão sendo contratados pelo serviço público através das políticas setoriais de saúde e assistência social. Esses profissionais são absorvidos pelos hospitais para acompanhar os pacientes idosos enquanto estão internados”, informa a coordenadora.
Fonte: O Fluminense
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