O conceito de “aposentadoria” mudou radicalmente. São cada vez mais raras as “carreiras”. É menos frequente encontrar alguém que inicia sua vida profissional e a conclui na mesma empresa. Hoje, e cada vez mais no futuro, a vida profissional será um zigue-zague; combinação de diferentes formas de empreendedorismo.
Este pode ser do tipo “start-up” (iniciado pelo próprio empreendedor) ou no âmbito de um empresa já estabelecida, onde é sinônimo de “inovação intra-corporativa”. Assim, a aposentadoria em termos tradicionais oferece grande oportunidade para o “start-up”, e a experiência do profissional será de grande valia. Se o empreendedor contar ainda com renda segura oriunda da previdência, o risco é minimizado.
Tratar a melhor idade como apenas descanso é desperdício de vida e talento. Muitos iniciam negócios depois dos 65 anos. São consultorias, participações em conselhos e muitas vezes empresas intensivas em tecnologias. Para as empresas, traçamos “business plans” de longo prazo.
Devemos fazer o mesmo com nossa vida pessoal. Ela fica mais divertida se a aposentadoria for encarada menos como uma fase de “descanso” e mais de contar-se com uma estrutura para novos desafios. É preciso, assim, requalificar o sentido contemporâneo de “aposentado”. Ele quer dizer sobretudo alguém de grande experiência, situação financeira mais consolidada, e mais tempo livre para empreender e aconselhar.
No limite, são os novos desafios a partir dessas bases que fornecem o combustível da vida. Dão a energia emocional e a ambição de viver e empreender. Como é fundamental acumularmos grandes estoques de conhecimento, entraremos cada vez mais tarde no mercado de trabalho (há muito que se estudar antes de exercer com proficiência um ofício contemporâneo).
Como a expectativa média de vida da população continua a subir (nos países da OCDE já é superior a 80 anos), é um erro não fazer um planejamento para essa fase. Mais uma vez, ela deve ser repleta de novos desafios e realização de sonhos. É como se o entusiasmo não viesse apenas do sucesso, mas sobretudo da busca do sucesso. Ao abandonarmos a “busca”, nos aposentamos.
Erro comum da estratégia profissional é sufocar sua individualidade e os vários papéis que pode desempenhar na sociedade com uma vida identificada unicamente com a posição (ainda que em dinâmica ascendente) que se desempenha no âmbito de uma dada corporação.
São pessoas que se tornam unidimensionais. Só conseguem falar sobre seu trabalho e empresa. Empobrecem sua experiência humana. Parece que são pessoas que tem “o sobrenome da empresa”. Estas são as que mais sofrem quando, por aposentadoria ou reestruturação, deixam suas funções.
Corporações inovadoras incentivam seus colaboradores a um cotidiano “multiplataformas”, em que desenvolvem vida acadêmica, hobbies, filantropia e benemerência, ginástica, trabalho em casa, – e portanto mais tempo livre para criar e empreender – o que é no interesse da própria corporação.
Fonte: http://www.brasileconomico.ig.com.br/noticias/empreender-na-melhor-idade_122605.html