Diversas medicações no mercado foram desenvolvidas com a promessa de “combater” a artrose. Entre as mais utilizadas para este fim incluem-se a glicosamina (com ou sem a associação de condroitina), a diacereína (Artrodar®), os insaponificáveis do abacate (Piascledine®), os colágenos e as infiltrações com ácido hialurônico.
A título de curiosidade, também encontram uso popular com este fim a semente de sucupira, semente de abacate, garra-do-diabo, cartilagem de tubarão, chapéu-de-couro, rosa-canina e salgueiro-branco, entre outros produtos naturais.
Afinal, qual a evidência que existe para a utilização destes produtos?
Glicosamina
Glicosamina e condroitina são substâncias muito prescritas para pacientes com artrose. Porém, inúmeros estudos concluíram que elas não ajudam na regeneração da cartilagem e, ainda mais, que seriam semelhantes ao uso de placebo. Além disso, teriam efeito bastante limitado para a melhora da dor. A OARSI (Osteoarthritis Research Society International) tem uma diretriz de 2014 que recomenda aos médicos não prescreverem mais essas substâncias, e outras sociedades seguem o mesmo caminho. A razão é porque não servem para aquilo que são anunciadas;
Diacereina / Saponificados do abacate
Os estudos seguem na mesma diretriz: apontam algum efeito quanto a melhora da dor, principalmente por meio de uma ação anti-inflamatória, mas não são capazes de modificar o curso da doença;
Colágenos
Embora alguns estudos demonstrem resultados positivos, principalmente com a utilização do colágeno não hidrolisado do tipo II, as evidências são ainda bastante limitadas. Alguns estudos demonstram melhora na dor.
Já nos anos 300 antes de cristo, Hipócrates dizia que a cartilagem, uma vez ulcerada, não era capaz de se recuperar. Podemos dizer que seus ensinamentos continuam válidos até hoje. As informações relativas a estas medicações devem ser vistas com cautela, já que muitos dos estudos são patrocinados pela indústria farmacêutica gerando conflitos de interesses.
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Podemos dizer, porém, que nenhuma medicação atualmente disponível tenha se comprovado capaz de oferecer qualquer melhora ou até mesmo uma menor progressão no processo de desgaste da cartilagem.
Não significa, porém, que as medicações não devam ser utilizadas. Ainda que não “reponham” a cartilagem, podem atuar na melhora do processo inflamatório e da dor.
Cada medicação tem um grupo preferencial de paciente, mas no fundo funcionam muito na base da tentativa e erro, já que cada pessoa responde melhor a um tipo de medicação.
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É importante que se considere, porém, que as medicações nunca devem ser utilizadas de forma isolada no paciente com artrose. Fisioterapia e exercícios para fortalecimento muscular são, certamente, muito mais importante do que qualquer medicação no controle da dor do paciente com artrose.
O Dr João Hollanda é médico ortopedista especialista em cirurgia do joelho e traumatologia esportiva. Trabalha atualmente como médico da seleção Brasileira de Futebol Feminino. É colaborador do Portal Amigo do Idoso. Maiores informações em www.ortopedistadojoelho.com.br