Trombose: viagens longas aumentam em até três vezes as chances de a pessoa desenvolver a doença

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No dia 13 de outubro é o Dia Mundial da Trombose, que tem por objetivo conscientizar a população sobre os fatores de risco e a gravidade da doença, que se caracteriza pela formação de trombos – coágulos sanguíneos –, e pode resultar em obstrução e inflamações na parede dos vasos responsáveis pela passagem do sangue, podendo causar sérias complicações como AVC e embolia pulmonar e até levar à morte.

Há uma série de fatores que podem desencadear a doença, entre eles a idade avançada, sedentarismo, insuficiência cardíaca, obesidade, tumores malignos, presença de varizes e imobilização.

As viagens longas também oferecem risco, pois aumentam em até três vezes as chances de a pessoa desenvolver tromboembolismo venoso, condição que pode resultar em trombose venosa profunda e embolia pulmonar. Isto ocorre, pois durante viagens longas o passageiro permanece muito tempo na mesma posição, levando então à alteração do fluxo sanguíneo.

Foi o que aconteceu com a hematologista Suely Rezende. Professora do departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e membro do conselho diretor da International Society on Thrombosis and Haemostasis – ISTH, a médica atua justamente na prevenção da doença junto a jovens médicos e pacientes, mas por uma ironia do destino acabou sendo vítima de uma embolia pulmonar grave, causada por uma trombose, voltando de uma viagem de Lisboa.

A profissional desembarcou do avião em São Paulo e, minutos depois, teve de ser socorrida pela equipe médica do aeroporto internacional de Guarulhos, que não conseguiu identificar o problema.

A trombose venosa relacionada à viagem é também conhecida como “síndrome da classe econômica”. Um estudo prospectivo observacional publicado em 2008 calculou que o risco de embolia pulmonar grave imediatamente após um voo aumenta com a duração da viagem e varia de zero em voos com duração inferior a 3 horas até 4.8 eventos por milhão em voos com duração acima de 12 horas.

O risco de embolia pulmonar fatal imediatamente após o desembarque é menor que 0,6 por milhão de passageiros em voos com duração superior a três horas, porém aumenta exponencialmente quando falamos em trombose assintomática após voos de longa duração, chegando a 12%.

“Infelizmente, no Brasil, as pessoas desconhecem estes riscos, pois ao contrário do que acontece em outros países, a informação não é disseminada pelas companhias aéreas. Algo preocupante visto que, de acordo com o Ministério do Turismo, em 2016 desembarcaram no Brasil um total de 10.094.438 passageiros de voos internacionais”, alerta a médica.

Referências

1 Journal of Thrombosis and Haemostasis, “Thrombosis: A Major Contributor to the Global Disease Burden.” www.worldthrombosisday.org/issue/global-burden-vte/

2 World Health Organization (WHO), “65th World Health Assembly Closes with New Global Health Measures,” (2012). www.who.int/mediacentre/news/releases/2012/wha65_closes_20120526/en/

3 Ministério da Saúde. http://www.brasil.gov.br/saude/2016/09/saiba-como-evitar-a-trombose.

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