Considerada uma das emoções humanas mais potentes, todos nós ja sentimos ciúmes em algum momento de nossas vidas.
Dependendo da nossa personalidade, situação e circunstâncias envolventes, o ciúme pode variar em termos de tipo e de grau de intensidade.
Embora existam pessoas com mais e menos tendência para serem ciumentas, a verdade é que ninguém lhe escapa.
Definições comuns:
- “Inveja de alguém que usufrui de uma situação ou de algo que não se possui ou que se desejaria possuir em exclusividade.”
- “Sentimento de possessividade em relação a algo ou alguém.”
- “Sentimento gerado pelo desejo de conservar alguém junto de si ou por não conseguir partilhar afetivamente essa pessoa; sentimento gerado pela suspeita da infidelidade de um parceiro.”
Sentimentos à flor da pele:
O ciúme é sentido por pessoas de todas as idades, inclusive bebes experimentam esta emoção que, no fundo, pode ser representada por um turbilhão de emoções e exteriorizada através de diversos tipos de comportamentos.
Quem sente ciúmes tem, por norma, pensamentos e sentimentos negativos em relação à ameaça de perda de algo que possui e que lhe é muito importante e precioso.
Juntamente com a própria emoção que é o ciúme, juntam-se várias outras emoções, igualmente poderosas: medo, ansiedade, incerteza, insegurança, desconfiança, humilhação, tristeza, desgosto, raiva, descontrole, vingança, depressão…
O amor e o ciúme:
Se há algum aspecto da vida em que o ciúme é mais dominantes é na esfera amorosa. Aliás, um dos temas mais recorrentes em matéria de ciúmes é, sem dúvida, a existência (real ou não) de uma terceira pessoa que ameaça o relacionamento de um casal.
Se um dos elementos de determinado casal se sentir ameaçado por alguma coisa ou alguém que possa retirar-lhe a pessoa amada, é aí que o ciúme fala mais alto.
Embora o ciúme seja uma parte integrante e normal da natureza humana e das relações pessoais e profissionais, existem vários tipos de ciúme, a começar pelo ciúme inocente e inofensivo; terminando no ciúme obsessivo e até perigoso.
Enquanto algumas pessoas conseguem lidar bem com essa emoção e todas as outras que o ciúme provoca, dificilmente exteriorizando aquilo que sentem; outras não conseguem conter esse ciúme e precisam expressar ao seu companheiro(a), quer em tom de vitimização e proteção, quer em tom acusatório e possessivo.
A maneira errada de lidar com o ciúme:
Quem sofre os “ataques” do parceiro alimenta-o sem saber à medida que concorda em submeter-se ao que o outro pede.
Por exemplo: se, ao ser questionado sobre quem lhe enviou e-mails, mesmo no trabalho, ele responder, der satisfações, o outro se sentirá no direito de fazê-lo sempre, agindo dessa forma cada vez mais incisivamente.
As brigas tornam-se frequentes e o clima de tensão impera na relação, já que qualquer coisa é motivo para reacender o ciúme.
Porém, há momentos de total tranquilidade intercalados a estes – geralmente quando estão juntos, fazendo algo que distraia a atenção do ciumento – o que deixa a “vítima” do ciúme confusa, tirando a vontade de abandonar a relação que muitas vezes é tentadora.
Mas afinal quem é a vítima aqui? Aquele que sofre com as cobranças e vive numa verdadeira prisão ao lado de alguém possessivo e controlador ou este, que vive em constante tensão e desconfiança, perdendo por completo sua tranquilidade perante a vida em função de algo que o consome?
Diria que ambos são vítimas e necessitam de cuidados, cada um em seu contexto. Aquele que convive com o ciumento deve aprender a colocar limites, não alimentando a dinâmica doentia do parceiro, e não deixando de fazer suas coisas.
Muitas vezes, este acaba cedendo às pressões para evitar brigas, o que lhe parece mais fácil, mas o resultado é catastrófico, pois quando menos imaginar perceberá o quanto está agindo em função do outro e anulando-se por completo.
E o pior: nada satisfaz ao parceiro, que vai exigir sempre mais, pois, como já foi dito, a sensação da dúvida permanece.
A maneira certa de lidar com o ciúme:
Em terapia procure entender porque se deixa dominar por alguém que lhe cerceia por completo, aceitando abrir mão de seu direito e liberdade de relacionar-se com as pessoas e com o mundo.
Já o ciumento deve procurar ajuda psicoterapêutica e medicamentosa, pois o tratamento abrange tanto o lado emocional quanto o físico. É uma doença tratável à base de antidepressivos, que aliviarão e muito os sintomas, devolvendo à pessoa a liberdade de viver.
A psicoterapia paralela à medicação é fundamental para que se trabalhem questões profundas ligadas ao aparecimento do ciúme, geralmente envolvendo dinâmicas familiares complicadas, insegurança e autoestima baixa, entre outras.
Nunca tome medicação por conta própria, sempre consulte o médico antes de optar pelo tratamento medicamentoso.
Uma grande dificuldade que encontramos ao lidar com essas pessoas é que em muitos casos tal comportamento foi aprendido com o pai ou a mãe, também ciumentos, passando a falsa ideia de que esse jeito de funcionar é o normal.
Quando você vive em uma família cujas características principais são o controle, o cuidado excessivo, o zelo e preocupação com os filhos, cresce achando que assim deve ser, pois esse foi o modelo aprendido.
Porém, ao deparar-se com um(a) namorado(a) que não viveu essa dinâmica, o ciúme começa a se manifestar, denunciando a presença da doença.
Como convencê-lo a se tratar se a própria família não considera seu comportamento “fora do padrão”, muitas vezes boicotando a continuidade do tratamento?
Aqui entra a importância de uma terapia familiar acontecendo paralelamente ao tratamento individual, para que cada um possa reconhecer sua parcela de responsabilidade no problema e juntos, se comprometam a resolvê-lo.
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Flávia Merschmann & Natália Ceará – Psicólogas – Bem Viver + (www.bemvivermais.com)