Como uma população de quase 30 milhões de indivíduos pode ser invisível para nossa sociedade?
Como podemos abrir mão dessa força de trabalho, desse mercado consumidor e, principalmente, como podemos fazer políticas públicas sem ter esse público como alvo? É dos idosos, ou do público com 60 anos de idade ou mais que estou falando. E de você – caso ainda não tenha 60 anos – e de mim, idosos que seremos no futuro.
Os 60+ somavam, em 2017, 28 milhões de pessoas no Brasil segundo o IBGE, ou 13,5% do total nacional. O mesmo instituto estima que, até 2042, quase dobraremos essa população: teremos 57 milhões de pessoas com 60 anos de idade ou mais, ou 24,5% do total de habitantes.
A falta de representatividade desse público em vários âmbitos foi uma das conclusões da pesquisa 60+: Um estudo sobre a (in)visibilidade social, realizado pela empresa gaúcha Vitamina Pesquisas com patrocínio da Ajinomoto.
Apresentado na capital paulistana em 11 de dezembro, o estudo foi resultado de seis meses de trabalho, período em que mais de 2 mil entrevistas foram feitas com adultos entre 60 e 75 anos em 10 capitais brasileiras: Porto Alegre (RS), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), Recife (PE), Brasília (DF), Salvador (BA), Cuiabá (MT), Belém (PA) e Manaus (AM). A escuta dessas pessoas revela a necessidade de deixarmos de lado estereótipos relacionados à velhice.
Para entender melhor faça o seguinte exercício: quando falamos de idosos, que imagem veem à sua cabeça?
Se a resposta envolver pessoas em casa sem atividade nem vida social, esperando o tempo passar, é melhor se preocupar. Esses e diversos outros estereótipos não retratam mais essas pessoas, até por que não existe um tipo de idoso, mas vários.
A pesquisa identificou pelo menos quatro perfis:
Os indiferentes (51,1%), que consideram os 60 anos uma idade como outra qualquer;
Os livres (30,8%), que se sentem nessa fase à vontade para fazer e falar o que quiserem;
Os entusiastas (5,1%), para os quais a transição é o início de um novo ciclo cheio de expectativas;
E os resistentes (13%), que reconhecem a idade cronológica, mas têm dificuldades para aceitá-la e são saudosistas ao lembrar da juventude. Poucos associam a fase a perdas e declínios (4,9%) ou ao final da vida (4,1%).
Esse último grupo, juntamente com o total de 73,2% que afirma se sentir mais jovem do que sua idade real, demonstra a fixação da nossa sociedade pela juventude, fazendo dela parâmetro para toda a vida. Usamos, desde muito cedo, cosméticos e até fazemos procedimentos anti-idade, pintamos o cabelo, escondendo os fios brancos, na tentativa de aparentarmos ser mais jovens do que realmente somos.
Somos ensinados que a idade deve ser algo a ser combatido e não algo natural, que acontece com todos.
Talvez essa idealização da juventude seja a raiz do preconceito com os 60+, outro ponto muito forte apresentado pela pesquisa: 48% dos 60+ afirma que já percebeu situações em que outra pessoa tentava enganá-los; 43% diz que já foi chamado de velho (a); 32% afirma que já percebeu alguém impaciente e 25% diz que já foi deixado de lado em alguma conversa por conta da sua idade.
As entrevistas também revelaram que muitos se queixam de ser tratados como crianças, com uma linguagem e comportamento infantilizado que obviamente não os agrada, e que é comum passarem por situações onde as pessoas falam mais alto presumindo que tenham problemas de audição.
É, ainda precisamos evoluir muito quando o assunto é esse importante público e pesquisas como essa – além obviamente do contato social com essas pessoas que possuem experiência de sobra para compartilhar – contribuem muito.
Fonte: VemVida
Como especialista do Envelhecimento com qualidade e relacionamento intergeracional felicito a todos os envolvidos e compatilho o blog onde tenho coluna 3ªIdade e relacionamentos
blog grupodorecreio.com