De acordo com o Sistema Único de Saúde (SUS), no Brasil a queda entre pessoas acima de 60 é a segunda principal causa de morte por lesão externa, superada apenas pelos acidentes automobilísticos.
O nefrologista Egídio Lima Dórea informa que estudo americano (também válido à realidade brasileira) indica que a queda está presente em 30% da população idosa e em metade dos mais velhos acima de 80 anos. Outro registro é que 50% daqueles que já caíram repetem o episódio no ano seguinte.
A fim de diminuir essas taxas alarmantes entre pessoas com mais de 60 anos, residentes na região do Butantã, zona oeste da capital, o Hospital Universitário (HU) da USP criou o Grupo de Prevenção de Quedas (GPQ), em 2010. Inicialmente, o paciente passa por consulta de nutricionista e equipe multiprofissional, que avaliam fatores de risco para tratamento personalizado na unidade.
Dórea, coordenador do GPQ, explica que a queda tem múltiplos fatores, entre eles diminuição da força muscular, osteoartrose (degeneração da cartilagem que resulta na alteração de equilíbrio), osteoporose, depressão, demência e diminuição da capacidade visual (dificuldade para enxergar contrastes de luz, formas e contornos de objetos).
Medo de cair

As causas não param por aí. Alteração de marcha e equilíbrio, uso de diversos remédios (gera efeitos colaterais), redução do tempo de reação diante de situação inesperada, queda acentuada da pressão arterial na mudança de posições, como deitar e levantar (hipotensão ortostática).
Outras queixas frequentes são urgência e incontinência urinária e medo de cair, que levam o idoso a evitar atividade física, menos convívio social e risco de depressão e morte.
A queda também tem causas externas. O médico reforça que familiares e cuidadores observem as condições da residência e evitem fatores de risco, como animal doméstico, uso inadequado de sapato (escorregadio e salto alto), objetos espalhados que dificultam caminhar, degrau inapropriado e ausência de corrimão na escada.
Banheiro sem barra de suporte e tapete antiderrapante também são obstáculos. O especialista recomenda observar se a altura da cama e a iluminação da casa estão apropriadas. Outro problema é calçada esburacada, em desnível ou estreita.
Reeducação
A equipe multiprofissional é composta de médico, enfermeiro, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, nutricionista, farmacêutico, psicólogo, educador físico, residentes de terapia ocupacional e fisioterapia e estagiário em farmácia. Assim que o grupo detecta as causas da queda, o idoso recebe orientações e fôlderes para mudança de comportamento.
Entre outros temas, o material educativo aborda bexiga hiperativa, exercícios de equilíbrio estático e dinâmico, uso correto de bengala, muletas e andador, reeducação do sistema vestibular (ligado à percepção do movimento) e exercícios de fortalecimento de membros inferiores.
Cada usuário recebe CDs com exercícios de tai chi chuan e fortalecimento do assoalho pélvico e diário de quedas com planilhas para preencher detalhes de possíveis quedas até o próximo retorno médico. De acordo com os fatores de tombo, o paciente é convidado a participar de atividades semanais programadas pela equipe multiprofissional. Fisioterapeutas coordenam grupo de prevenção.
Educadores físicos promovem atividade física e terapeuta ocupacional oferece oficina de memória para casos de demência. Por fim, grupo de psicoterapia recebe pessoas com depressão e medo de cair. Cada responsável determina o tempo de alta dos pacientes.
Benefícios à saúde
Uma vez por mês, os pacientes participam de palestra com temas relacionados à queda. O espaço já recebeu ortopedista, que explicou as características da artrose e dentista bucomaxilofacial, que falou das alterações de mastigação que ocasionam desnutrição e risco de cair.
O tratamento prevê contato telefônico com usuários após 15, 30, 45 dias, três e seis meses da primeira consulta. Os profissionais perguntam se o idoso pratica os exercícios recomendados e se caiu no período. “O primeiro retorno médico ocorre três meses depois da primeira consulta, mas se o paciente caiu, vem antes”, informa o coordenador Dórea.
Nesses dois anos, o GPQ atendeu 300 pacientes, cerca de 40 por mês. No momento, a equipe tabula as avaliações para mensurar se o trabalho é eficiente na prevenção. No entanto, ele diz que muitos pacientes relatam benefícios à saúde e redução de queda. Dórea adianta que conforme o aumento de demanda haverá possibilidade de ampliação da equipe.
Fonte: Imprensa Oficial
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