Há quase R$ 1,5 bilhão investidos nas décadas de 60,70 e 80 esquecidos pelos brasileiros, segundo a Comissão da Valores Mobiliários (CVM) à espera de resgate. O valor está no Fundo 157, criado em 1967 e que aceitou aplicações até 1983. O montante está disponível para saques ainda hoje.
Foram 3,5 milhões de cotas oferecidas para que os contribuintes que tiveram de pagar Imposto de Renda nos exercícios de 1967 a 1981 pudessem aplicar. O fundo foi criado como uma opção aos contribuintes, que poderiam colocar parte do imposto a ser pago nessa conta para bancar empresas que estavam abrindo capital na época ou fazendo a segunda emissão de ações no período. A CVM não sabe informar quantas pessoas têm direito ao resgate.
“O dinheiro acabou sendo mal administrado, não houve sucesso das empresas e muita gente esqueceu desse investimento”, conta Tharcisio Souza Santos diretor da faculdade de administração da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP).
Até 1978, os contribuintes recebiam junto com a notificação do Imposto de Renda um formulário para investir no fundo, que era administrado por diversos bancos e corretoras na época. O repasse era feito pela Receita Federal conforme o porcentual escolhido e permitido para a aplicação, em torno de 10% do imposto devido.
A partir de 1985, esses fundos se tornaram fundos mútuos de investimento em ações e passaram a ser monitorados pela CVM. O rendimento desses fundos variam conforme as ações em carteira. Em 2011, o rendimento do Fundo 157 Bradesco, por exemplo ficou negativo em 20,78%, já que a Bolsa de Valores caiu 18,10% e ainda há taxa de administração cobrada pela instituição.
De lá para cá, muitos bancos e corretoras deixaram de existir e outros bancos assumiram esses fundos. A lista completa dos antigos e dos atuais administradores para eventual saque pode ser conferida no site da CVM, pelo www.cvm.gov.br.
No site da comissão também pode ser consultado pelo número do CPF do investidor contribuinte o valor a ser regatado e em qual banco ele está disponível. O órgão regulador lembra que não há prazo para resgate.
O professor de economia da Fundação Instituto de Administração (FIA) Celso Grisi, fez o resgate do dinheiro há dois anos. “Foi muito simples, pois acessei meus dados e pedi para o banco depositar na minha conta”, comenta. Segundo a CVM, para quem fez o resgate após 1996 não há mais valores disponíveis.
Para o contribuinte que resolver resgatar o dinheiro deixado no Fundo 157, a recomendação de Santos é aplicar esse valor em títulos do governo. “A economia está quase parando e eu não acho um bom momento para gastar. Procure papéis pós-fixados indexados ao IPCA ou pré-fixados mais antigos, que pagam bons juros”, comenta.
Grisi acredita que se o montante a ser recebido for alto, a aplicação mais interessante do momento é investir em imóveis comerciais bem localizados. “Não precisa ser na Avenida Paulista, mas que seja em um lugar que você saiba que está crescendo e se valorizando”, diz.
Outra opção para o dinheiro do resgate é a poupança. “Vale mais a pena do que fundos de renda fixa ou CDBs, pois os pequenos valores não conseguem bons retornos”, explica Grisi.
[envira-gallery id=”10332″]
Fonte: http://blogs.estadao.com.br/jt-seu-bolso/r-15-bilhao-esquecidos-a-espera-dos-investidores/