Pesquisa da Fiocruz descobre que em áreas ricas morre-se mais por câncer provocado pela idade. Já nas zonas pobres, problemas são doenças circulatórias e respiratórias
Rio – Entre os idosos, as causas que levam à morte podem estar relacionadas ao bairro em que vivem. Na Zona Sul, é grande a incidência de óbitos por câncer. Já nas zonas Norte e Oeste, doenças circulatórias e respiratórias se destacam. A explicação está no acesso a saneamento básico e atendimento médico. Ou à falta de ambos.
acesso a saneamento básico e atendimento médico. Ou à falta de ambos.
Arte: O Dia
Segundo ele, as maiores taxas de morte por câncer foram encontradas nos bairros Glória, Gávea e Copacabana. Já os índices relativos a doenças circulatórias e respiratórias concentram-se em locais como Camorim, Zumbi, Deodoro e São Cristóvão. Em relação a problemas cerebrovasculares, Pedra de Guaratiba, Saúde e Jacaré se destacam.
“Quanto mais envelhecido é o bairro, melhores são suas condições socioeconômicas e doenças circulatórias e respiratórias são menos expressivas entre os óbitos”, disse.
O pesquisador explica que, em bairros mais pobres, idosos morrem por doenças que seriam de fácil diagnóstico e tratamento, como hipertensão. Já na Zona Sul, as causas estariam relacionadas a problemas naturais da velhice, como vários tipos de câncer.
Davi analisou indicadores socioeconômicos do Censo 2010 (renda, analfabetismo, esgoto, coleta de lixo e abastecimento de água) e dados do Minsitério da Saúde. As enfermidades escolhidas foram câncer, doenças circulatórias recorrentes, como hipertensão, infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC), além de doenças respiratórias, como pneumonia, asma e bronquite.
Orientação para a rede pública
Acesso a saneamento básico, atendimento médico e medicamentos justificam o perfil de óbito entre idosos na Zona Sul. “É uma população que tem acesso a tratamento e pode combater as doenças circulatórias e respiratórias. A morte por câncer seria um processo natural”, diz o pesquisador da Fiocruz.
Davi explica que nos bairros das zonas Norte e Oeste o acesso a serviços de saúde costuma ser precário e falta dinheiro para remédios. Para ele, a pesquisa pode orientar políticas de saúde pública.
“A política de distribuição de medicamentos ainda é deficiente. Nos bairros mais pobres, além do tratamento aos idosos, é preciso investir em prevenção para uma futura geração mais saudável”.
Fonte: O DIA